segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Excalibur - Crônicas de Artur Vol. 3 - Bernard Cornwell


  • Editora: Record
  • Autor: BERNARD CORNWELL
  • Ano: 1997
  • Número de páginas: 529 
Sinopse: Último volume da trilogia "As crônicas de Artur," do escritor inglês Bernard Cornwell sobre o lendário guerreiro Artur, que passou para a história com o título de rei, embora nunca tenha usado uma coroa. O autor desenha um Artur familiar e desconhecido. Um dos inúmeros filhos ilegítimos do rei Uther Pendragon, sem o menor interesse pelo poder, sua única ambição é manter o juramento ao rei de direito, Mordred, e ajudá-lo a lutar pela paz. Ao mesmo tempo, o autor nos revela locais conhecidos e personagens esperados: o mago Merlin, a bela Guinevere, Lancelot - aqui retratado como um covarde - e a lendária Távola Redonda. 

(Para entender melhor o post a seguir leia: O Inimigo de Deus e O Rei do Inverno.) 

 Chegar ao fim de uma saga - especialmente uma tão brilhante - é no mínimo digno de algumas lágrimas. E confesso que chorei enquanto lia as últimas páginas de "Excalibur", terceiro e último volume das "Crônicas de Artur", de Bernard Cornwell. Chorei não porque o final seja triste ou algo do tipo, mas porque quando uma história possui personagens tão apaixonantes é terrivelmente difícil dizer adeus.

Uma história onde somos capazes de amar um personagem em algum momento e odiar no outro. Onde choramos, sorrimos, sentimos todas as emoções possíveis. Uma viagem pela antiga Britânia de guerreiros, druidas, bardos, saxões e guerras, onde possuimos o melhor guia que poderíamos ter: lorde Derfel Cadarn. Não me canso de rasgar elogios a ele. Um marido e amigo fiel, um guerreiro destemido, um homem de caráter. Um dos poucos que ficou ao lado de Artur até o fim. 

Bernard Cornwell desmitifica um dos heróis mais conhecidos de todos os tempos. Sai aquela imagem do rei Artur perfeito pra dar lugar a um homem comum, que nunca foi rei de verdade, que cometeu erros incontáveis, mas que apesar de tudo era extremamente bondoso e cujo maior sonho era a paz na Britânia e poder viver com sua amada numa casinha confortável.  Um homem que amou acima de qualquer coisa, que sempre acreditou no melhor das pessoas e que foi até o fim pra cumprir os juramentos que fez. ("Se alguém quiser viver para sempre neste mundo parece uma boa ideia virar inimigo de Artur." Merlin, pág. 22)

Excalibur poderia ser dividido em duas partes: a guerra entre os britânicos e os saxões, e a guerra entre os próprios britânicos. Ou seja, a maior parte do livro é de conflitos. Muitos (ou seria melhor dizer quase todos?) personagens morrem, dentre eles alguns que torcia pra que morressem e alguns onde senti uma tristeza profunda por partirem. Alguns se mostram traidores. Outros que nos outros livros não eram muito queridos acabam conquistando o leitor (como Guinevere por exemplo, que neste terceiro volume é extremamente importante e conseguiu ganhar minha simpatia). Tive algumas surpresas (como o que Nimuê fez) e algumas coisas já esperava (como o que Mordred fez).

("Os seus cristãos são rebeldes, o seu rei é um idiota aleijado e o seu líder se recusa a roubar o trono do idiota." - Merlim para Derfel, pág. 75)

Merlin
e Nimuê tinham grandes planos para a Britânia. Eles acreditavam que ao tornar possível a "volta" dos Deuses, todos os problemas acabariam. Mas para isso eles precisariam cometer alguns sacrifícios. Sacrifícios estes, no mínimo absurdos, que o diga Artur. E é justamente por impedir os rituais que hipoteticamente trariam os Deuses pra Britânia, que Artur incitou a ira de Nimuê. Se no segundo volume da saga "O Inimigo de Deus", Artur foi perseguido por cristãos, desta vez a causa de sua maior dor de cabeça foram os pagãos. ("É estranho, ao rever o passado, lembrar como Artur era odiado na época. No verão tinha partido as esperanças dos cristãos, e agora, no fim do outono, havia destruído os sonhos pagãos. Como sempre, ele parecia surpreso com a impopularidade". - Derfel, pág. 131)

Titio Cornwell sabe o que faz. Ele não apenas inventou uma história fantasiosa e sem nenhum fiapo de verdade, pelo contrário, ele pegou o pouco do que já foi comprovado e escreveu provavelmente uma das histórias mais fiéis a verdade a respeito de Artur. Trouxe de volta personagens que ficaram esquecidos nos últimos livros escritos sobre o tema (como o próprio Derfel) e derrubou o mito em torno de alguns que sempre foram descritos como maravilhosos (como Lancelot). Derrubou também o mito a respeito da chamada "Távola Redonda", que de acordo com o livro, começou a ser chamada assim por algumas pessoas e Artur particularmente detestava esse "apelido".

Pra quem gosta de livros sobre guerras, fantasias ou coisas do gênero, coloque "As Crônicas de Artur" na sua lista de leitura obrigatória. Pra alguns talvez o tamanho dos livros assuste um pouco (todos possuem mais de 500 páginas), mas a linguagem é fácil, o ritmo é excelente e os diálogos são daqueles que nos prendem. Confesso que algumas partes dos livros são um tantinho entediantes, mas elas são minorias, na grande parte você vai devorá-lo.

"As Crônicas de Artur" é uma história de grandes homens e grandes mulheres. É também história de grandes vilões e grandes guerras, mas acima de qualquer coisa é uma história de amizade. É este laço indestrutível que torna o livro tão maravilhosamente cativante. 
Dos três volumes que compõem a saga, o melhor é sem dúvida O Inimigo de Deus, porém, provavelmente por ser o último, Excalibur é o mais emocionante. 

(- Meu querido senhor - disse eu.
Não me referia a Sansum, no entanto. Falava com Artur. E, chorando, o braço em volta de Ceinwyn, vi o barco pálido ser engolido pela cintilante neblina prateada.
E foi assim que o meu senhor partiu.
E nunca mais ninguém o viu desde então. - Derfel, pág. 525)

Até a próxima :)

18 comentários:

Izabel - In Memorian disse...

Olá! Tudo bem? Parabéns pelo blog! Gostaria de te convidar para nos visitar! Publicamos diariamente poesias e artigos educacionais escritos por Izabel S. Grispino. Espero sua visita! Abraços!

Eliane disse...

Olá Marina, gostei imensamente de ver seu blog e de vc ter visitado o meu. Espero qu possamos estar sempre em contato. Vou seguir seu blog e ler tudo o que vc escreve.

Beijo

Eliane

Celsina disse...

Oii Mari!
Que legal o seu blog, muito fofo, adorei ^.^
Li a sua resenha só do primeiro livro das "Crônicas de Artur", é que - não se você viu o meu vídeo "Na minha caixa de correio" - mas nele eu mostro esses três livros dá série que abaram de chegar. Aí tive que pular um pouco a sua resenha de "Excalibus" porque não comecei a ler a série ainda =p sorry

...Linkei o seu blog lá no Uma Janela Secreta, e quando ver um post novo eu volto aqui.
Beijão!
^.^

Alex Zigar disse...

Eu gosto do mito do Rei Artur. Gosto das novelas de cavalarias com suas fantasias e mentiras de enlouquecer qualquer Quixote.

Estou muito ansioso para ler a próxima resenha. Quero saber logo a opinião da Marina sobre “O dia do Curinga”.

E parabéns pelo novo visual do blog.

Estou na expectativa.

Até breve.

Lucas disse...

Devido a falta de tempo estou lendo pouco ultimamente, tenho 2 livros pra terminar e alguns que eu gostaria de ler até o fim do ano. Os livros do Cornwel me despertaram interesse a algum tempo, pena eu nao ter condiçoes de comprar por enquanto. Pretendo adquirir pelomenos as cronicas de Arthur no fim de ano, pois sao livros que eu me interessei muito ainda mais agora depois de ler o post. Sempre gostei de guerras medievais, apesar dos derramamentos de sangue, das mortes, as guerras medievais tinham certa beleza ao contrario das guerras do mundo atual.

Parabens pelo exelente post e pelo blog amor

amo voce muito

HARDMAD disse...

Essa série parece ser boa! E gostei muito do jeito que você resenha os livros. Mas você não posta com muita frequencia, né?
Abraço!

Leonardo Mendes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Leonardo Mendes disse...

Oi Marina, parabens pelo blog.
Não conhecia as obras de BERNARD CORNWELL, fui conhecer por meio de um amigo, que por sinal me falou maravilhas das Crônicas saxonicas. Você já leu?
Me indica qual livro do BERNARD CORNWELL para um iniciante no autor??
bye

Marina Risther Razzo disse...

Olá HARDMAD... mto obrigada xD
Então, eu tento postar com bastante frequência... mas como faço faculdade em certas épocas fica bem difícil! Mas meu blog tem poucas postagens na realidade pq é novo mesmo. Tem pouco mais de um mês ^^
Obrigada por comentar, volte sempre ;)

Marina Risther Razzo disse...

Oi Leonardo, obrigada pelo comentário :)
Então, eu só li do B. Cornwell as "Crônicas de Artur", que pelo que dizem por ai é sua "obra prima". Pretendo comprar "As Crônicas Saxônicas" no final do ano. Amei a narrativa de Bernard, vale muito a pena ler. Acho que pra começar "As Crônicas de Artur" são muito boas.

Volte sempre!
Bjos ;*

Leonardo Mendes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Leonardo Mendes disse...

Hummm, vou comprar as "Crônicas de Artur" então. Realmente me falaram muito bem da narrativa de B.Cornwell.
Você está lendo "O Hobbit" né? Também estou lendo.
Espero comentários sobre ele.

bju

Unknown disse...

Oi Marina! Nossa, seu blog é lindo!! Estou aqui devorando tds as postagens! Gostei bastante do seu estilo de resenha, super bem escrita! Parabéns!

Sou fanática por Arthur. Leio td que encontro sobre ele... já comecei a ler as Crônicas de Arthur mas ainda estou pra terminar o primeiro livro. Sou fã tb do Bernard Cornwell... como ele escreve bem!

Beijos e sucesso, sempre!

Marina Risther Razzo disse...

Oi Laura, poxa muito obrigada xD ficou muuuito feliz sabendo disso :)

Cornwell é demais mesmo. Você vai amar ainda mais "As Crônicas de Artur" quando chegar no segundo livro.

Beijos e sucesso pra você também ;)

Marina Risther Razzo disse...

OI Leonardo... estou lendo "O Hobbit" sim, mas pelo visto vou demorar um pouco pra demorar, por falta de tempo :( hehe
Compre "As Crônicas de Artur" sim, pois vale a pena!

Beijos ;*

Leonardo Mendes disse...

Ok. Comecei a ler O Hobbit, parei e comecei a ler O Silmarillion para seguir a cronologia de Tolkien.
Vi que você já leu né? Se tiver um tempinho disponível escreva sobre ele.
Mal freqüento seu blog e já estou exigindo...rs.

Marina Risther Razzo disse...

hauiahuia Sinta-se a vontade pra exigir, desde que volte sempre :) hahaha!
Eu vou postar sobre ele sim, já estava pensando nisso hehe!
;***

Anônimo disse...

Não consigo eleger qual é o melhor livro dos três!
O "Inimigo de Deus" é fantástico... Mas considero os outro também assim!
O início com "O Rei do Inverno" mostra toda a história e todo o amadurecimento dos personagens... Ali mostra que eles não são feitos de papel, são feito carne, suor, sangue e lágrimas...
E "Excalibur" é o desfecho... Onde tudo flui, onde tudo se conclui, onde tudo, infelizmente, acaba...

Abraço, Cristiano

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