sábado, 23 de abril de 2011

Orgulho e Preconceito - Jane Austen

  • Editora: Martin Claret
  • Autor: JANE AUSTEN
  • Ano: 1813
  • Número de páginas: 320

    Algumas histórias são de tamanha sensibilidade que, mesmo sendo simples, acabam ganhando um espaço especial. Seja na narrativa irônica, nos personagens incríveis ou na tão perfeita retratação de uma época onde os valores que envolviam principalmente amor e casamento eram baseados mais no dinheiro do que nos sentimentos, Jane Austen e seu livro Orgulho e Preconceito definitivamente conquistaram um lugarzinho especial dentre os que já li.


    Quando foi espalhada a notícia que o jovem Mr. Bingley estava chegando em Netherfield, todas as mulheres, em especial as da família Bennet ficaram profundamente interessadas, afinal ele era um rapaz solteiro e logo iria querer se casar. Mas dentre todas, é Jane Bennet quem lhe chama maior atenção. Junto com Bingley estava seu grande amigo, Mr. Darcy, um rapaz tido como arrogante, sem um pingo de simpatia e excessivamente orgulhoso. Darcy não economiza críticas a escolha de Bingley por uma garota de status social tão inferior como era Jane e, se não bastasse isso, durante o baile esnoba Elizabeth, a segunda mais velha das irmãs Bennet. Assim ficaram conhecidos: o super simpático e sorridente (leia-se "cara de retardado") mr. Bingley e o orgulhoso e arrogante mr. Darcy. Apesar de tê-la esnobado logo de cara, Darcy aos poucos começa a achar Elizabeth uma mulher interessante. Elizabeth, crente de que ele não passa de um grosseiro, continua tendo apenas mals olhos pro rapaz. A chegada de Mr. Wickham, um oficial que tem problemas pessoais com Darcy, apenas ajudam a péssima imagem deste a se firmar. Wickham faz questão de contar pra todos, em especial Elizabeth, do quão prejudicial Mr. Darcy foi em sua vida. A Sra. Bennet, sonhando em casar suas 5 filhas, faz de tudo para arranjá-las pretendentes e quanto Elizabeth recusa um deles, deixa a mãe decepcionada. E enquanto isso o Sr. Bennet apenas responde aos comentários mesquinhos da mulher e das duas filhas mais novas e mais atiradas, Lydia e Kitty, com irônia e sarcasmo.

    Há muitos aspectos a serem observados nesse livro. Em primeiro lugar, analisar a família Bennet é algo muito interessante. Os sete membros que a compõem são muito diferentes. Enquanto a Sra. Bennet, Lydia e Kitty são o tipo de pessoas cujas conversas chegam a ser irritantes e fúteis, Mary é a irmã que tenta ser a mais "cabeça" dentre todas, e se dedica a leitura o tempo todo, apesar de não ser lá das mais inteligentes. E Jane e Elizabeth são, sem dúvida, as mais ajuizadas da família. As irmãs mais velhas são muito amigas. Jane é a inocência e a bondade em pessoa, incapaz de fazer mal a qualquer um. Elizabeth é mais sagaz, mais inteligente e muito alegre, porém tem uma tendência a julgar as pessoas pela primeira impressão que elas lhe passam. O Sr. Bennet é um figurão. Irônico o tempo todo, mal consigo me recordar de algum momento em que falou realmente sério. Ele não esconde que sua filha preferida é Elizabeth.

    Os diálogos são ótimos. Muitos deles são longos e alguns reflexivos, fazendo mergulharmos mais na cabeça e nos pensamentos dos personagens, em especial dos principais, Elizabeth e Darcy. Apesar de ter as características da escrita da época, com vocabulário um tanto quanto "ultrapassado" pra nós, criaturas que vivem no século 21, a narrativa é gostosa e fácil. Tem um ritmo que faz com que a leitura corra sem maiores problemas e, pelo menos pra mim, não é nada maçante.

    Já disse e repito pela milésima vez: não gosto de histórias românticas. Mas não há que se discutir, Jane Austen faz romances diferentes. Não é aquela "mela-mela" característico dos livros mais conhecidos do gênero. É um romance onde, em especial as personalidades de cada personagem possui grande importância pra relação. E é uma história onde, impressionantemente, não ocorre NENHUM beijinho. Caros românticos de plantão, que adoram descrições de cenas românticas cinematográficas, detalhistas, e que nos levam às lágrimas(bom, não exatamente "nós"... eu nunca fiquei com lágrinas nos olhos durante uma cena romântica... enfim!!!), ESQUEÇA, pois não acontecerá isso neste livro. Afinal, estamos falando de uma época onde as coisas eram contidas.

    Logo depois de terminar de ler, fui assistir a adaptação cinematográfica, com Keira Knightley. Na minha opinião, o filme, apesar de deixar muitos detalhes de lado, é tão apaixonante quanto o livro. Os diálogos são fielmente utilizados no filme, e os atores que fazem todos os personagens são exatamente como eu imaginava. Destaque pro meu queridíssimo ator Donald Sutherland (Jack Bauer-pai), que faz um perfeito Sr. Bennet. Contudo, indico que seja feita a leitura do livro primeiro, pois tenho certeza que, pelo menos pra mim, o filme não teria tanta graça se eu não tivesse lido a obra que o deu origem primeiro.

    Jane Austen e seus personagens tão cheio de personalidade me conquistaram pra valer. Histórias, como já disse, de uma grande simplicidade, mas que se tornam imensamente especiais pra quem lê!

    É isso ai, até a próxima! :)


    P.S: Gente, comecei essa resenha há uns 3 meses atrás, mas nunca dava pra eu terminar. Se ela não ficou tão boa como deveria, me desculpem. Ando sem tempo pra ler bastante, e mais ainda pra escrever. Até porque, não gosto de transformar algo tão prazeroso como escrever é pra mim, numa obrigação. Assim que eu estiver inspirada, venho com outra resenha. De resto, desculpem-me a ausência. Fazer faculdade, trabalhar, namorar e bom, VIVER, não é fácil não minha gente. Obrigada a todos que lêem o blog, me elogiam e me dão vontade de continuar escrevendo :)

2 comentários:

Kel disse...

É sempre um prazer ler suas resenhas. Por favor não se sinta pressionada. Está difícil mesmo para todos. Bjs.

Paula Montanari disse...

Tenho que dizer que esse livro é um dos melhjores que já lina vida. E você sabe que li muitos...
Não por ser um classico, mas pela autora ter uma percepção de mundo que é invejável às pessoas de hoje em dia, quem dera de seu tempo...Muitos citam tantos autores que revolucionaram a literatura do XVIII e XIX, todos homens com quase livre expressão da palavra, muitos foram aos tribunais, como Flaubert com Madamme Bovary, mas ela, uma mulher que conseguia exprimir as caracteristicas de sua época de forma irônica e romanceada acabou passando despercebida, o que não deixa aos olhos dos que ainda nao a leram tao interessante quanto esses outros...Não sabe o que perdem.

Muito boa a resenha!!

Postar um comentário