sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O Vendedor de Histórias - Jostein Gaarder

"Era fácil demais inventar coisas, era como patinar sobre gelo fino, como fazer elegantes piruetas sobre uma crosta quebradiça de gelo que cobre um lago com milhares de braças de profundidade. Havia sempre alguma coisa escura e fria acenando debaixo da superfície." - pág. 16
  • Editora: Companhia das Letras
  • Autor: JOSTEIN GAARDER
  • Ano: 2004
  • Número de páginas: 208 
Sinopse: Inspirado nas suas idas ao circo em companhia do pai, o pequeno Petter inventa um conto de fadas: Panina Manina, filha do dono de um circo, desaparece num rio e é dada por morta, mas acaba resgatada por uma cigana. Anos mais tarde, a menina vira trapezista e vai trabalhar no circo do próprio pai, porém sem que ambos saibam ser pai e filha. Certo dia, Panina cai durante uma apresentação e é socorrida pelo dono do circo. Ao ver o colar de âmbar no pescoço da moça, ele percebe que a artista é sua filha desaparecida. O conto é mais uma das inúmeras fantasias que povoam a imaginação sem freios de Petter, um menino precoce que se torna um adulto solitário. Sua única companhia é o Homem-Metro, um personagem que saiu de seus sonhos para a realidade. Mesmo quando Petter encontra Maria, mulher por quem se apaixona, a relação não dura: termina após um estranho pacto. Para garantir sua subsistência, Petter torna-se o Aranha, uma espécie de ghost-writer que vende os frutos de sua imaginação para escritores sem idéias. Avesso à fama, ele parece ter encontrado a forma ideal para viver do seu talento. No entanto, uma série de conflitos com seus clientes e o retorno de fantasmas do passado colocam sua vida em perigo - e mostram que fantasia e realidade nem sempre correm paralelas. Assim como o trabalho da mente de seu protagonista, O Vendedor de Histórias é um vôo de imaginação. Jostein Gaarder convida mais uma vez a enxergar o mundo com um olhar extraordinário e a refletir sobre o poder da memória e da fantasia sobre o dia-a-dia do leitor e do homem comum.   


    Se eu tivesse que descrever o tipo de obra de Jostein Gaarder usando apenas uma palavra, seria REFLEXIVA! Ele consegue fazer com que, sem muito esforço, reflitamos sobre os mais variados aspectos de nossa vida, e tudo isso de uma forma encantadora. Seus livros não falam sobre assassinatos, conspirações ou seres sobrenaturais. São livros simples, mas com um conteúdo imensamente precioso.

    "O Vendedor de Histórias" é narrado em primeira pessoa, e eu particularmente adoro isso! Adoro viajar na mente do narrador, saber o que ele sente e pensa. Petter, mais conhecido como 'Aranha', nos conta toda sua história de vida, mesclando realidade e fantasia. Somos conduzidos a vários contos paralelos, criados por ele, e achei todos muito interessantes. Petter possui uma imaginação sem tamanho e provavelmente um ego maior ainda. Em momento algum no livro ele escondeu o quão BOM se achava, o que era um pouco irritante.

    Me identifiquei com Petter, e provavelmente esse foi um dos motivos que adorei o livro. Não que eu me ache tanto quanto ele se achava, muito pelo contrário, minha auto-estima não é lá aquelas coisas. Mas quando ele conta sobre sua infância, o gosto de inventar histórias e o fato de passar mais tempo vivendo trancado dentro de sua própria imaginação do que no mundo real, isso sim fez eu lembrar muito meu tempo de criança. Assim como ele, muitas vezes eu me confundia sobre o que era 'realidade lembrada' e 'fantasia lembrada'.

     Confesso que durante toda a leitura o livro dividiu minha opinião. Às vezes o achava um dos melhores que já li, já em outras não o achava tão bom assim. Petter era um pouco repetitivo, o que em algums momentos tornava a leitura meio cansativa, mas na maior parte do livro era realmente incrível passear pela mente hiperativa do 'Aranha'. Tirando um ou outro mau momento, o livro possui uma narrativa rápida e é facilmente devorável.

    O final é realmente ótimo, mas não me surpreendeu. Já imaginava qual seria o desfecho, e isso tirou um pouco a graça. Independente de qualquer coisa, é um livro excelente. Nos faz pensar muito! Diferente de "O Dia do Curinga" e "O Mundo de Sofia", "O Vendedor de Histórias" não é exatamente um livro filosófico. Ele possui uma história mais simples, porém, como todos os livros de Gaarder, é reflexivo.

    Mais uma vez peço desculpas pelo post meio "corrido", mas continuo lutando contra o tempo.

E isso aí, até a próxima :)
 
"Em pouco tempo eu já tinha um caderno cheio de boas sugestões para programas, mas a ideia de que seria possível estabelecer novos recordes de audiência produzindo uma série com centenas de horas sobre uma turma de garotas dando risadinhas idiotas o tempo todo e jovens mãos-bobas superava as minhas fantasias mais delirantes. Também é improvável que César ou Napoleão tivessem imaginação suficiente para máquinas, armas atômicas e bombas de ogivas. Há certas ideias que talvez seja mais sensato deixar para o futuro. Não existe mérito em usar todas as ideias brilhantes de uma só vez." - pág 46

3 comentários:

Izabel - In Memorian disse...

Bom dia!
Gostaria de convidá-lo para assistir a poesia "A Velha Catarina", declamada em vídeo pelo esposo de Izabel Sadalla Grispino.
Visite-nos!!
Um grande abraço!

Angélica Roz disse...

Que legal Marina! Adorei a resenha!!! Amooo os livros do Gaarder! Sempre são reflexivos e muito bons! Vou ter que ler esse também!! Bjooo!

Angélica Roz disse...

Ahh, me adiciona no skoob. Pelo jeito temos os gostos bem parecidos para livros. :)

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