- Editora: Aleph
- Autor: ANTHONY BURGESS
- Ano: 1962
- Número de páginas: 224
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Ambientado numa sociedade futurista onde a violência praticada por jovens possui proporções assustadoras, "Laranja Mecânica" é um dos grandes ícones literários da alienação pós-industrial. Juntamente com 1984, de George Orwell e Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, se tornou um clássico. E na minha opinião, todos os três deveriam ser leitura mais que obrigatória.
O livro é narrado por Alex, um adolescente apaixonado por música clássica, em especial Beethoven, com uma imensa necessidade de se auto-afirmar e que cultua a chamada ultraviolência, que nada mais seria do que a violência sem justificativa, apenas por "prazer". Fala através das gírias chamadas nadsat e juntamente com seus 'druguis' (amigos), George, Pete e Tosko, formam uma gangue cuja grande diversão é aterrorizar, roubar e estuprar. Frequentam o 'Lactobar Korova', um bar que vende leite (sim, acreditem, LEITE) misturado com drogas, que eles chamam de "moloko-com". Um dia o nível de violência praticada por Alex e seus druguis se extrapola e uma pessoa acaba morrendo. Resultado: Alex, que até então se julgava o líder, é traído por todos e acaba indo pra cadeia. Numa sociedade onde a violência foge do controle dessa forma, há também um governo que responde de maneira igualmente agressiva. Alex é submetido a um experimento chamado "Método Ludovico", cujo objetivo é retirar os impulsos violentos através de terríveis sessões de tortura psicológica, que incluem também a tão aclamada Nona Sinfonia de Ludwig Van Beethoven. Através de injeções e de obrigar Alex a assistir as mais terríveis cenas possívels, ele passa a responder a qualquer tipo de violência de forma negativa, se sentindo mal.
Cena do filme, com Alex e seus druguis no 'Lactobar Korova' |
Laranja Mecânica significa muito pra mim. Acredito que todos saibam que há a versão cinematográfica, brilhantemente dirigida pelo mestre Stanley Kubrick. Assisti primeiro o filme, mesmo com as súplicas da minha mãe de "Por favor, não assista, é muito perturbador". Ok, realmente, é perturbador. As cenas de violência praticadas por Alex e os druguis nos fazem sentir mal, principalmente por ver tamanha diversão que eles sentem, com aquelas risadas loucas. Mas meu Deus, perturbador ou não, o filme é magnífico. Malcolm Mcdowell no papel de Alex é incrivelmente perfeito e a direção de Kubrick, gênial. Foi um filme que me marcou, que entrou pro meu hall de favoritos, sem dúvida. Possui um poder psicológico impressionante.
E o livro? - Ainda melhor! Ou talvez, na minha opinião, ambos se complementem. Ler a obra escrita por Burgess imaginando a voz e os olhares de Malcolm Mcdowell como Alex é uma experiência única. Mas a grande diferença entre ambos é o final. Kubrick produziu o filme baseado na versão americana do livro, que por "conveniência" não possuia o capítulo final. Americanos e suas estranhezas... enfim...
Um livro com diversas críticas sociais, como a banalização do sexo feita pelos jovens; a violência que sempre, como mostra o livro, gera violência; a falta de estrutura familiar, como no caso de Alex, em que seus pais pouco sabem das atividades do filho e na realidade até acreditam que ele é um bom rapaz, mostrando o quanto pais podem definitivamente não conhecer aquele que eles mesmos criaram; e acima de tudo, a tentativa do Governo manipular as pessoas, transformá-las em 'laranjas mecânicas', transformando o homem num ser que não consegue ter vontade própria, mas apenas responder as coisas da maneira que o Governo espera que ele faça.
Laranja Mecânica é o tipo de leitura que vai te marcar, sem dúvida. Alex é um personagem muito bem construído e com uma grande dualidade. Conseguimos o detestar na primeira parte do livro, e depois sentimos tamanha pena dele que acabamos gostando. Vê-lo como cobaia do governo realmente o torna simpático. E um dos pontos que tornam o livro interessante é justamente por ser narrado pelo Alex. Estar dentro da cabeça dele(ou como ele mesmo diz, gúliver) é fascinante. No início a leitura pode ser um pouco confusa, pelo uso contínuo da linguagem nadsat, porém com a ajudinha do glossário no final, com o tempo você se acostuma com os termos, que diga-se de passagem, pelo menos em mim grudaram (após terminar o livro eu fiquei um tempinho automaticamente associando tudo com as gírias).
E o livro? - Ainda melhor! Ou talvez, na minha opinião, ambos se complementem. Ler a obra escrita por Burgess imaginando a voz e os olhares de Malcolm Mcdowell como Alex é uma experiência única. Mas a grande diferença entre ambos é o final. Kubrick produziu o filme baseado na versão americana do livro, que por "conveniência" não possuia o capítulo final. Americanos e suas estranhezas... enfim...
Um livro com diversas críticas sociais, como a banalização do sexo feita pelos jovens; a violência que sempre, como mostra o livro, gera violência; a falta de estrutura familiar, como no caso de Alex, em que seus pais pouco sabem das atividades do filho e na realidade até acreditam que ele é um bom rapaz, mostrando o quanto pais podem definitivamente não conhecer aquele que eles mesmos criaram; e acima de tudo, a tentativa do Governo manipular as pessoas, transformá-las em 'laranjas mecânicas', transformando o homem num ser que não consegue ter vontade própria, mas apenas responder as coisas da maneira que o Governo espera que ele faça.
Laranja Mecânica é o tipo de leitura que vai te marcar, sem dúvida. Alex é um personagem muito bem construído e com uma grande dualidade. Conseguimos o detestar na primeira parte do livro, e depois sentimos tamanha pena dele que acabamos gostando. Vê-lo como cobaia do governo realmente o torna simpático. E um dos pontos que tornam o livro interessante é justamente por ser narrado pelo Alex. Estar dentro da cabeça dele(ou como ele mesmo diz, gúliver) é fascinante. No início a leitura pode ser um pouco confusa, pelo uso contínuo da linguagem nadsat, porém com a ajudinha do glossário no final, com o tempo você se acostuma com os termos, que diga-se de passagem, pelo menos em mim grudaram (após terminar o livro eu fiquei um tempinho automaticamente associando tudo com as gírias).
Malcolm Mcdowell, no papel de Alex, e um copo de moloko-com. |
Poderia escrever muito mais a respeito desse clássico. Um livro de apenas 200 páginas mas com um conteúdo sem tamanho. O filme também é mais do que recomendado. Depois de assistir Laranja Mecânica virei tão fã de Malcolm Mcdowell que até já assisti os péssimos filmes em que ele atuou depois que envelheceu haha (Aliás, nunca vi tanto desperdício de talento!). E também vi o filme com ele que minha mãe, mil vezes mais do que Laranja Mecânica, me implorou pra não assistir - Calígula (Quem já viu sabe porque hahahahahaha!).
É isso ai pessoal, até o próximo post :)
5 comentários:
Parabens pelo post amor, muito bem formulado e de conteudo muito construtivo. Desperta interesse na leitura do livro, eu particularmenten pretendo ler a obra assim que tiver tempo. Assisti ao filme e achei otimo, dialogos, personagens e seus respectivos atores, a historia em si, mas claro nao vamos dar enfase ao filme por aqui.
Parabens, continue assim que voce chega longe
Amo voce
O filme pareceu-me perturbador, mas foi pelas coincidências. Meu nome é Alex e uma das minhas músicas favorita é também a nona sinfonia. Porém depois descobri que não tinha coincidência, “Alex” significava “fora da lei”. “A” é prefixo de negação e “Lex”, do latim, é lei. Enfim, curiosidade a parte, o filme é ótimo. Falta-me o livro, que já está na lista dos desejados. Parabéns pela resenha, moça.
Abraços.
P. S. Calígula... Só vemos porque é “proibido”.
Tanta empolgação, fica dificil não se interessar pela leitura.
É um clássico que eu ainda não conferi (apesar de adorar clássicos) e que logo irei remediar isso.
Sua resenha ficou muito legal e interessante.
Byeeeee
Olá Marina, tudo bem?
Passei aqui pra te avisar que tem selinho pra vc no meu blog: http://leiturasdeeliane.blogspot.com/2010/12/mais-um-selinho.html
Beijo
Eliane (Leituras de Eliane)
Fiquei com vontade de ler...bjs
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